11 de jul. de 2006

Patrícia e o Cachorrão


Bruno Accioly

Ele: ... puta merda, assim... só não pára agora... aí... aí... aíííí, Patrííícia...
Ela: Patrícia?
Ele: ... a... não, não pára, não... mas porq...
Ela: Filho de uma puta! Que merda é essa de “Patrícia”?
Ele: Quem? Mas do que droga você está falando? Olha, volta aqui bebê...
Ela: Corta essa... cê tava gemendo e soltou um: ‘aíííí, Patrííícia’!
Ele: Nem, lôca! ... eu disse: ‘aí delícia’!, e nem foi tão afeminado assim como você fez. Agora vem cá e vamos...
Ela: Delícia?? Delícia o caramba! Você disse Patrícia que eu ouvi muito bem, seu cachorro miserável. E tira essa mão de mim...
Ele: Já falei que você ta viajando. E, além do mais, eu nem conheço Patrícia alguma... (pausa) além da sua irmã...
Ela: Minha irmã??? O que você quer di... cê tá comendo a minha irmã?
Ele: Como é? Eu só... de onde você tirou essa idéia?
Ela: Você acabou de falar!
Ele: Eu não falei nada! Só disse que sua irmã é a única que conheço com esse nome!
Ela: Então!
Ele: Então? Mas eu não disse que “tava comendo a sua irmã”.
Ela: Não disse... mas é tudo muito óbvio... e você tá, né seu bosta? Eu te conheço.
Ele: Claro que não... só tenho olhos pra você.
Ela: Mas quem tá falando de “olhos”, corno desgraçado? Eu tô me referindo a essa sua “piroquinha” pendurada aí.
Ele: Piroquinha? Ah, agora é piroquinha? Dois minutos atrás era um ‘caralhão’. “Ai, vem com esse caralhão gostoso, vem meu lindo”.
Ela: Isso foi antes. Antes de você comer a minha irmã.
Ele: Mas eu já disse que não comi ninguém, amorzinho.
Ela: Amorzinho?? Amorzinho?? Que porra é um amorzinho?? Você nunca me chamou de... aaaah... volta aqui seu cachorro. É assim que você chama a vadiazinha, não é...
Ele: Me solta! Vamos conversar...
Ela: Conversar uma pinóia... essa já é a segunda hoje. Você deve achar que eu sou muito otária...
Ele: Longe de mim, linda.
Ela: E nem tente concertar...
Ele: Patrícia, escuta...
Ela: Como é?
Ele: ... merda.
Ela: Eu vou te bater muito, seu grandíssimo merda.
Ele: ... jura? Mas prometa que vai me amarrar antes.
Ela: ...
Ele: ... vai.
Ela: ... um dia eu te mato. Ah, se mato.... meu cachorrão.
Ele: Grrrrrrrrr…

7 comentários:

Anônimo disse...

O ato falho mais recorrente que existe?Aí tem também uma seqüência, desagua num fetiche. Interessante.

Anônimo disse...

He, he...
O amor é lindo...

Gostei. Homem é tudo igual mesmo.

Márcio disse...

Quando a coisa esquenta o amor-próprio esfria! huahaha

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto, pelo saco tb.
Beijos

Anônimo disse...

Adorei.
Você e seus diálogos sacanas.

Beijos.

Fabi

Ricardo Mello disse...

O detalhe....

o uso do "meu" na ultima frase "meu cachorrao" e' maravilhoso. Resume essa faceta meio ridicula dos amores latinos. Depois de tudo ele ainda e' propriedade dela...

Anônimo disse...

Bruno, fiquei bastante triste vendo que vcs colocaram mais uma Engrenagem no ar e não recebi nenhum e-mail me convidando para participar, me comunicando que haveria um novo tema, enfim...Lamento muito que seja assim pois a Engrenagem é uma filha minha e sempre será. Não entendi, mas tudo bem. Por favor, retire meu nome de onde ele ainda está e não deixe de publicar este comentário. Ouso sugerir que vcs troquem o nome da página, pode ser?
Ro Druhens