16 de out. de 2006

Delírio


Bruno Accioly


- ... quem?
- Acorda, cara.
- Que horas... ?
- É cedo. Mas isso não é importante. Nem um pouco, por sinal...
- Que aconteceu?
- “Que aconteceu?”, você me pergunta? Que aconteceu? Vou te contar o que aconteceu. Acordei agora há pouco pra ir mijar, certo? Sabe daquelas minhas famosas mijadas na madrugada. Bom, tava puta sonado e fui até o banheiro no tato mesmo. Aliviei e voltei pra cama...
- E?
- Porra, espera meu. Já chego lá... então, eu tava pronto pra deitar de novo quando notei algo escuro sobre o lençol e resolvi acender a luz só pra verificar, entende? Coisa rápida. Pra desencargo de consciência. Foi aí que o drama começou. O lençol estava manchado, cara. De vermelho... bem escuro. Mas muito manchado, irmão. Eu sabia que iria soltar tinta. Que o corpo iria expelir o excesso. Mas aquilo não era excesso nem fudendo. Você tá me acompanhando? Corri pro banheiro, tirei o filme plástico – que por sinal estava sujo e opaco – e quase fiquei louco. Ou melhor, acho que fiquei louco! Só posso estar delirando. A tatuagem sumiu, cara! Toda ela.
- Como assim?
- Como assim o que? Sumiu, desapareceu, escafedeu-se. Dá pra ver nitidamente a forma do desenho, pois continua inchado, mas a tinta toda... ficou no meu lençol. Até voltei pra olhar novamente e, embora não tão larga, a mancha é profunda. Chegou ao outro lado do colchão. É tinta pra caralho.
- Você só pode estar brincando.
- Pareço estar brincando, porra? Eu ia te ligar a essa hora da manhã só pra te passar um trote? Cara, é algo sinistro, do tipo Wolverine. Sei lá. O corpo expeliu tudo. Igual o adamantium naquele episódio com o Magneto. Tá lembrado. O corpo botou toda a droga da tinta pra fora. Agüentei por três horas doloridas aquela porra de agulha me cutucando... sem falar que gastei uma nota preta. E pra que?
- Velho, isso é um absurdo. Simplesmente irreal. Fica calmo.
- Ficar calmo?
- Deve ser um sonho, irmão. Meu, ou seu. Mas deve ser um sonho.
- Sonho porra nenhuma. È bem real, por sinal.
- Cara, não pode ser verdade.
- Não pode, não é?

6 comentários:

Anônimo disse...

ahhhh não; nem vem... rs
estou louca pra ver.

Beijos

Anônimo disse...

Não reclame:o sangue que saiu era o antigo,antes de vc virar a própria tatuagem.

Anônimo disse...

Vai ver, voou!
He he...

Anônimo disse...

Ahahahha, não sai nem fodendo, nem em sonho, nem ralando....Wolverine é......

Ricardo Mello disse...

O bicho foi comer, logo logo volta...

Anônimo disse...

nem vem trazer esse lençol pra casa que a gente não lava nem fodendo...

nem vem!

faz de cortina
hahaha