19 de jan. de 2006

Tártaro

São coisas do coração que, como o cérebro, que pensa que manda nele, nunca ninguém viu funcionando. Talvez se fosse possível abrir a cabeça de um sujeito ao mesmo tempo em que seu coração é escancarado pra fora do peito, poderíamos entender qual a mecânica que rege os conflitos que estes dois tinhosos protagonistas engendram. Você é a prova disso meu amor, diariamente doce e carinhosa e, ao mesmo tempo, desgraçadamente implicante e mandona. A vontade que tenho de te cobrir de flores é inversamente proporcional ao incontrolável impulso de te sufocar com travesseiros encharcados de óleo diesel. Esse antagonismo de sentimentos é como um motor que me leva, ora para perto, ora para longe. Quando estou afastado, sinto uma falta sufocante de seu amor incondicional e, quando por perto, não suporto sua companhia azeda e implicante. É assim, que após todos esses anos, não tenho receio de dizer que odeio você, meu amor.
Alexandre Abud

8 comentários:

Anônimo disse...

é tão belo, tão nostálgico, tão tudo de ótimo que até merece um chet baker de fundo. beijo

Anônimo disse...

É isso aí! :)
Beijo.

Anônimo disse...

eu diria: te amo seu FDP

Anônimo disse...

Muito bom! Amor e ódio são sentimentos tão próximos. É difícil não odiar quem a gente ama, às vezes.

Anônimo disse...

Hmmmm O ódio é apaixonante, não é? A ira, a perversidade, a vingança, a maldade...

Márcio disse...

Como sempre, de uma lógica irrefutável! Incrível.

Josué disse...

:)))))))

Anônimo disse...

E voce nem tem 26 anos de casado, que nem eu...