13 de ago. de 2006

Aprisionada


Ro Druhens


Primeiro foram os olhos que negros eram como negras foram todas as noites em que vagou ao encontro deles e negros também o eram os cabelos novelos de quimeras prontos pra tecer todos os delírios e grego era o nariz como grega seria a história que a boca rasgada como se fora a navalha deixava escorrer em disfarçados sorrisos.

E os ombros eram sólidos e os braços eram longos e as mãos eram despóticas e o tronco era carvalho e as pernas raízes e os pés não eram foram pés de ir embora.

Com o vidro do porta-retrato tatuou no pulso o nome dele. Com o aço da moldura perfurou o coração. Com os dentes rasgou a foto e engoliu.

A Vida a engoliu, finalmente liberta.

4 comentários:

b.ponto disse...

libertas que sera tamem...
e bota fogo.

Márcio disse...

Às vezes só engolindo...às vezes, nem engolindo...

Anônimo disse...

Lírico,concreto e enxuto.Como a dor.A dor nos come.Parabéns.

Ricardo Mello disse...

que os acidos estomacais o levem...