12 de mai. de 2006

Passeio aleatório e furacões



Veblen, o Inexpressivo
Recordo-me perfeitamente quando aquela frase reverberou em minha cabeça: “processo estocástico gerado pela observação do período anterior mais um ruído branco”. Imediatamente pensei em um bar. A concepção de que até mesmo na economia algumas variáveis tinham um comportamento similar ao andar de um bêbado era aterrorizante. “Saí” do bar e pensei que deveria pensar na vida mesmo tendo permanecido sentado em uma cadeira e continuado sendo alvejado por processos geradores aleatórios.

Recordo-me perfeitamente quando aquele pensamento passou pela minha cabeça: “a vida é um passeio aleatório”. Após a conclusão óbvia, levantei a cabeça e voltei a minha atenção para o som da sala.

Alguns anos se passaram. A economia continuou repleta de ruídos brancos e de passeios aleatórios. Creio que a vida está repleta de fenômenos similares. Os passeios aleatórios de nossas vidas são como os furacões: chegam de modo inesperado e deixam uma sensação inefável. Hoje estou no meio do furacão. Sei que é o furacão mais complexo e gostoso que vivi.

A sensação de viver no olho do furacão, do mesmo modo que o passeio aleatório, sempre foi algo desafiador. O tempo vai passando e a sensação da tormenta permanece. O bêbado vai de um lado para o outro, volta para o lugar de origem e vai vivendo. Eu vou vivendo e me dou conta que a sensação de incerteza é uma das coisas mais encantadoras da vida. O furacão vai “rodopiando” e a minha certeza se cristaliza. O passeio aleatório fica com os seus ruídos brancos cada vez menos voláteis. A série vai ganhando tendência e homocedasticidade. A minha percepção fica repleta de certezas. Acho que estou no meio de uma tendência. Quero ficar no olho do furacão. Quero que o furacão não para de “rodopiar”.

Pensei, pensei, pensei... Continuo pensando... As minhas idéias tornam-se ruídos brancos: inesperadas, incertas e volúveis. O olho do furacão apresenta um comportamento absurdamente tendencial. Observo as linhas. Está tudo confuso. Não me importo. Creio que o processo gerador desta “série” não se importa. Viver no furacão é a coisa mais encantadora que pode acontecer.

No final a vida é assim: um passeio aleatório. No momento a minha vida é assim: um furacão “desprezivelmente” maravilhoso. Acho que as minhas linhas estão incertas e certas. Eu sei que há uma tendência. Você sabe?



3 comentários:

Anônimo disse...

Veblen, o tortuoso. Bom ter você de novo aqui. E no meio do furacão.

Márcio disse...

Não, não sei. E essa é toda a graça da coisa! Belo texto!

Anônimo disse...

e que o furacão seja eterno enquanro dure. Beijo, obrigada por voltar